DE JOELHOS
O MDB de Santa Catarina caiu de joelhos e a promessa de ser protagonista – cantada em verso e prosa – não passou de blefe. O cenário sempre foi cheio de controvérsias, tramas, rasteiras e comportamentos nada republicanos.
A cúpula da executiva estadual nunca foi unânime e sempre deixou transparecer que “havia mais e outros interesses do que os postos à mesa”.
No início de fevereiro de 2022, alertei para o processo de fritura contra Antídio Lunelli e muitas vezes, também escrevi sobre o tema aqui na coluna.
VELHAS RAPOSAS
Lunelli se meteu num covil de velhas raposas e inocente no hábito das trapaças, viu o seu caminho foi sendo minado nos bastidores, na calada da noite, certamente, por objetivos inconfessáveis.
Tentou mostrar viabilidade no projeto político e o fez de todas as formas, inclusive, submetendo-se aos gestos dos “inimigos na trincheira” que mudaram as regras do jogo ao longo de todo processo.
Primeiro: o alijamento dos filiados na escolha do candidato - as prévias que envolveria os filiados em disputada democrática – foram atiradas no lixo.
Segundo: a participação limitada aos diretórios municipais.
Terceiro: o surgimento de nomes (Dário Berger, Valdir Cobalchini) de última hora e o fizeram na clara tentativa de tumultuar o processo.
Quarto: a desistência de prévias por ausência de nomes, afinal de contas, restou apenas Antídio Lunelli.
Quinto: o jogo de levar o nome de Lunelli para uma possível convenção – quando deveria ser aclamado – como se faz em procedimentos – no mínimo – honestos.
Sexto: a aproximação de alguns deputados com o governador Carlos Moisés (Republicanos) por conta da promessa de distribuição de dinheiro – todos de olho na reeleição (governador e deputados)
Sétimo: as conversas na penumbra, às escondidas – sempre tramando rasteira no Presidente Estadual e no próprio Lunelli – tanto que chegaram a propor uma interferência no diretório Estadual.
Oitavo: os pronunciamentos de Lunelli - assumindo o compromisso de fazer do Estado uma Jaraguá do Sul – caiu feito uma bomba na cúpula emedebista.
Desacostumados com a política honesta e de resultados, as velhas raposas ouriçaram os pelos. Enxergaram em Lunelli, o candidato com capacidade de desmanchar o que a política nefasta de compadrio, favorecimentos e ações nada ortodoxas, ainda faz no Estado e isso inviabiliza projetos pessoais, interesses irreveláveis e etc.
VENDERAM O PARTIDO
Se não o fizeram pelas promessas de pix e com isso, o suporte para alguns que tentarão a reeleição – o caso aconteceu nos pedidos de impeachment contra o Governador Moisés.
Deputados emedebistas foram rápidos na admissão dos dois casos, com discursos inflamados sobre os desmandos no Estado. No entanto, foram mais rápidos ainda nas negociações pelo “não afastamento”.
Até hoje pairam dúvidas sobre as tratativas.
Assentiram com os erros, negociaram os apoios e colocaram seus interesses em primeiro plano, sepultando o partido.
Como citei em vezes anteriores: o MDB com todo rompante de ser protagonista – no máximo – será coadjuvante.
EXPLICAÇÕES
Vamos ver quais serão as explicações dos que se aliaram ao Governador Moisés:
- O caso dos respiradores não existiu?
- O famigerado hospital de campanha – natimorto ainda embrionário – foi um sonho de verão?
- Os passageiros do Arcanjo 06 (lista secreta) é invenção da oposição?
Os emedebistas em todo Estado de Santa Catarina engolirão Moisés?
DOMINGO
Ontem, o Presidente Estadual do MDB enviou uma carta aos correligionários e a emenda ficou pior do que o soneto.
Já no início da missiva, diz o seguinte:
"...cumpro o dever de informar que a possibilidade de uma candidatura própria ao Governo do Estado – defendida por uma ala do partido - em oposição a uma possível aliança, não significam de maneira alguma, um posicionamento definitivo".
Ou seja - pelo texto - já arregou!
Se ter candidatura "não é definitivo", o sinal é de que mudanças ocorrerão. Na verdade, a situação já mudou.
E segue, s carta:
"...no dia 13 de junho vamos nos reunir com o diretório estadual para discutir e decidir quais rumos devem ser seguidos a fim, principalmente, de preservar o MDB ..."
Não há o que preservar num partido aos pedaços, em frangalhos por conta das velhas raposas. O MDB vai sangrar ainda mais - até o final do processo eleitoral.
Diferente do que diz a carta de Maldaner, o MDB está deixando de ser "potência política".
A carta ainda cita: conflitos, tempos conturbados, lembra apoios ao Governador Colombo, também senador, configurações eleitorais, flexibilidade, ou seja, Maldaner - claramente - jogou a toalha.
DUVIDO
Não acredito que Antídio Lunelli aceite a disputa pelo Senado (dizem que ofereceram).
Lunelli não é homem de legislar! A sua forja é de quem executa, coloca a mão na massa e destrincha qualquer enredo.
Como se diz no jargão policial: o sujeito é operacional, toma a frente, vai junto.
Santa Catarina perde e perde muito: um político sem os vícios da velharia que gosta de trapaças (ele foi vítima das raposas), uma pessoa honesta com grandes projetos, um cara que passou a gostar de política porque viu que é possível fazer diferente e bem feito, um homem que sabe ser muito possível melhorar as ofertas da máquina pública para a população.
Decididamente: o MDB trocou o certo pelo duvidoso.
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