O pivô da CPMI do INSS, Eli Cohen, 63 anos, disse, em conversa com associados, que poupou o delegado da Polícia Civil de São Paulo Roberto Monteiro em seu depoimento ao colegiado. O advogado depôs em 1º de setembro de 2025.
Em áudio, ele diz que Monteiro “resolvia” as pendências do empresário Maurício Camisotti em delegacias paulistas.
A secretaria de Segurança Pública de São Paulo informou, em nota, que está apurando o tema. “A Corregedoria-Geral da Polícia Civil informa que já instaurou um procedimento disciplinar administrativo para apurar rigorosamente as denúncias citadas”, afirma a corporação.
Camisotti, por sua vez, disse que nunca tentou “corromper autoridades”.
O empresário está preso desde o mês passado por supostamente comandar um esquema de desvios ilegais de aposentadorias de idosos e pensionistas do INSS. A gravação à qual a reportagem teve acesso foi realizada dentro do escritório de Cohen. Ela se deu no dia 25 de setembro. Ao lado dele, estão um associado identificado como Rogério Gomes e o ex-policial Mauro Baccan, que também trabalha com ele. Os 3 escutavam, na televisão, o depoimento do empresário Antônio Carlos Camilo Antunes, o Careca do INSS....
Eis o diálogo de Rogério com Eli Cohen sobre Roberto Monteiro:
Rogério Gomes – Você poupou o Monteiro, mano. Foi decente. Não falou nada dele.
Eli Cohen – Zero. Ia falar que ele ia nas delegacias resolver?
Rogério Gomes – E a gestão da mulher dele?
Eli Cohen – Compliance. Contrato de compliance.
Rogério Gomes – É que nem ser advogado do PCC, caralho […] ele ia nas delegacias fazer acerto para o Camisotti.
A menção à empresa da mulher de Monteiro é comum entre os associados de Eli Cohen. Trata-se da SPS Manager Administradora e Corretora de Seguros Ltda, que pertence a Giovanna Santos Monteiro de Andrade.
Segundo Eli Cohen e seus associados, a SPS Manager receberia uma quantidade mensal fixa de Camisotti. Em uma das falas, é mencionado o valor de R$ 200 mil ao mês. Como são contratos entre particulares, não se trata de um documento público.
Eli Cohen conta aos associados como Monteiro uma vez irritou-se com Camisotti por não ter dado atenção ao trabalho que sua mulher fez a ele.
“Ele [Monteiro] chegou e falou assim: ‘Esse filha da puta [Camisotti] pegou a conclusão do trabalho da minha mulher de compliance, que ficou lá não sei quantos meses fazendo, praticamente rasgou, não usou nada’. Eu peguei e falei: ‘Cara, eu já te falei, eles só colocaram você na carteira. Você era segurança para esses inquéritos’.
R$ 7 MILHÕES
Segundo Eli Cohen, o delegado Roberto Monteiro foi responsável por fazer um pagamento de R$ 7 milhões, supostamente para comprar o seu silêncio na CPMI. Como já foi revelado, um ex-parceiro de trabalho de Eli Cohen, o empresário Danilo Trento, que também é alvo da CPMI do INSS e foi investigado na CPMI da Covid, passou a perna em Eli Cohen e embolsou o dinheiro usando o nome dele. Mas não fez a entrega do silêncio.
“O Roberto Monteiro jura que ele recebeu essa dinheirama, mas ele não sabia que tinha a ver com a gente. Vou te falar uma coisa: o Maurício deve ter ficado puto…”, diz Eli na gravação. Roberto Monteiro foi comandante da 1ª Seccional de Polícia Civil, no Centro, responsável pela região da Cracolândia. Em 2025, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), trocou Monteiro de lugar.

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