Jorge Rodríguez, presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, anunciou a intenção de apresentar uma moção para declarar Celso Amorim, ex-chanceler e atual assessor especial para assuntos internacionais da Presidência, como persona non grata na Venezuela.
Rodríguez expressou descontentamento com o que considera interferência nas questões internas do país. “Ou ele nos respeita ou faremos com que nos respeite”, afirmou em comunicado.
Rodríguez acusa Amorim de ter atuado como instrumento do conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Jake Sullivan, durante as eleições venezuelanas. Em comunicado, o presidente da Assembleia Nacional do país afirmou que a presença de Amorim tinha objetivo de prejudicar o pleito. O Brasil não reconhece o resultado oficial—vitória de Nicolás Maduro (Partido Socialista Unido da Venezuela, de esquerda)—e exige a divulgação de atas eleitorais detalhadas antes de se posicionar.
“Em todas estas conversas, curiosamente, nós notamos uma frase que se repetia como uma ladainha: ‘Jake pensa isto’, ‘Jake pergunta aquilo’, ‘Jake mandou dizer tal coisa’, ‘antes de vir falar com vocês eu falei com o Jake'”, afirmou Rodríguez.
Celso Amorim tem atuado como principal interlocutor do governo Lula em questões relacionadas à Venezuela. Em 2023, participou ativamente das negociações que resultaram no acordo entre governo e oposição venezuelanos em Barbados, que estabeleceu condições para as eleições presidenciais de 2024.
No dia seguinte ao pleito presidencial venezuelano, em 29 de julho, Amorim manteve uma reunião reservada com Nicolás Maduro que se estendeu por aproximadamente uma hora. Durante o encontro, o assessor brasileiro transmitiu a posição do governo Lula sobre a necessidade de maior transparência no processo eleitoral. Segundo Amorim, Maduro teria se comprometido a divulgar as atas eleitorais detalhadas por seção de votação, compromisso que até o momento não foi cumprido.
Em comunicado oficial, a Assembleia Nacional venezuelana argumentou que Amorim teria ignorado alertas sobre possíveis ações violentas durante o processo eleitoral. O documento menciona que 27 venezuelanos foram assassinados em menos de 48 horas durante o período, atribuindo os atos a grupos opositores.
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