Servidores de Tecnologia da Informação (TI) do governo federal veem um possível colapso da área em função do alto número de evasões (servidores que se demitem) e desistências de assumir vagas, somado à baixa procura pela carreira em concursos públicos e às remunerações defasadas. O governo diz que reestruturou carreira.
Eles sustentam que o agravamento da desvalorização da carreira de Analista em Tecnologia da Informação (ATI) também repercute na modernização do Estado, desacelerando a transformação digital e ampliando riscos à proteção de dados e à continuidade dos serviços eletrônicos prestados à sociedade.
Entenda
- A Associação Nacional dos Analistas em Tecnologia da Informação (ANATI) apontou para um índice de evasão superior a 50% do cargo e uma taxa de 71% de desistências no mais recente Concurso Público Nacional Unificado (CPNU).
- Levantamento mostra que, em meio às três convocações do CPNU, apenas 214 candidatos efetivaram a matrícula no curso de formação para o preenchimento de 300 vagas no concurso
- Segunda a entidade, os dados expõem um cenário crítico que ameaça a continuidade de serviços de TI fundamentais para a população, incluindo a segurança cibernética e a implantação de políticas digitais estratégicas.
- Servidores pedem ajustes estruturais para a carreira de ATI, além da reabertura imediata da Mesa de Negociação com o governo.
“Êxodo” em massa
Apesar das declarações ministeriais de que a carreira seria “uma das mais disputadas”, o cargo de ATI acabou sendo a 8ª vaga de menor concorrência dentre 175 oportunidades temáticas e o 3º cargo menos concorrido de todo o certame.
De acordo com levantamento da associação, em meio às três convocações do CPNU, apenas 209 candidatos efetivaram a matrícula no curso de formação, enquanto 215 desistiram ao longo do processo para o preenchimento de 300 vagas no concurso. Eles sustentam que muitos deles foram em busca de carreiras com remunerações iniciais mais altas.
Conforme a ANATI, a falta de atratividade é consequência de restrições impostas pelo Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI), como a ausência de aumento real na remuneração e a desconsideração de propostas técnicas apresentadas pela categoria.
A associação alerta que esse quadro prejudica a retenção de servidores qualificados, ameaça os projetos de modernização do Estado e amplia riscos à proteção de dados e à continuidade dos serviços eletrônicos.
Comentários: