O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro (Partido Socialista Unido da Venezuela, esquerda), foi reeleito para mais um mandato de 6 anos nas eleições de domingo (28.jul.2024). O chavista está no poder desde 2013. A posse do venezuelano será em janeiro de 2025. O anúncio foi feito pelo CNE (Conselho Nacional Eleitoral) por volta das 1h15 (horário de Brasília) desta 2ª feira (29.jul).
Com 80% das urnas apuradas, Maduro obteve 51,2% dos votos (5.150.092), contra 44% (4.445.978) do candidato da oposição, Edmundo González Urrutia (Plataforma Unitária Democrática, centro-direita). Outros candidatos obtiveram 462.704, com 4,6% dos votos. O nível de participação eleitoral foi de 59%, segundo o órgão eleitoral –que é controlado pelo governo. O voto não é obrigatório e não há 2º turno.
Durante a apuração das urnas, ONGs e integrantes da oposição ao governo afirmam sofrer hostilidade em alguns locais de votação.
Segundo a ONG Provea, as “testemunhas” da eleição (“testigos”, em espanhol) foram impedidas de entrar nas salas de votação para acompanhar a contagem dos votos. As testemunhas são venezuelanos que podem participar como observadores na apuração.
Em uma das várias postagens nas redes sociais, a Provea afirma que motociclistas paramilitares amedrontaram eleitores que esperavam os resultados em frente aos centros de votação.
Em outra publicação, a ONG afirma que a Polícia Nacional Bolivariana, a principal força policial federal da Venezuela, teria impedido as testemunhas de entrar nos locais de apuração.
Mais cedo, a líder da oposição a Maduro, María Corina Machado, pediu que os eleitores fizessem vigília nos centros de votação, a fim de supervisionar a contagem e evitar fraudes.
O ministro de Defesa da Venezuela, o general Vladimir Padrino López, disse não ter havido “nenhum incidente digno de menção” durante a votação e que “o dia transcorreu em paz”.
ATAQUE AO SISTEMA ELEITORAL
O presidente do CNE, Dr. Elvis Amoroso, afirmou ao anunciar os números que o sistema eleitoral sofreu “agressões”, o que, segundo ele, resultou no atrasou do envio dos resultados. Informou que pediu uma investigação para apurar o episódio, que classificou como “ações terroristas”.
“Fazemos um chamado agora a todos os venezuelanos para que respeitem as leis da República e o direito do povo de se expressar nas urnas, assim como defender a paz em todo o nosso território”, disse.
Segundo Amoroso, nas próximas horas, serão disponibilizados os resultados mesa a mesa, “como se fez historicamente graças ao sistema de votação automatizado”. O presidente do CNE também disse que entregarão às organizações com fins políticos os resultados em um CD.
CHAVISMO
A vitória de Maduro representa uma manutenção do chavismo na Venezuela. O movimento político é associado ao ex-presidente Hugo Chávez, que governou o país de 1999 a 2013. Depois da morte de Chávez, em março de 2013, o líder venezuelano se tornou o sucessor da ideologia.
Os defensores veem o chavismo como um movimento revolucionário que visa a construir uma sociedade mais justa e equitativa. No entanto, há críticas por centralizar o poder nas mãos do presidente –Maduro é considerado autoritário– e por levar o país a uma crise econômica.
A campanha eleitoral de Maduro foi marcada por polêmicas que se popularizaram internacionalmente. O presidente foi acusado de impedir duas candidatas da oposição, de Corina Machado, líder dos opositores, e de Corina Yoris, ambas da Plataforma Unitária Democrática, de concorrer ao pleito.
Em 24 de abril, foi criticado depois de divulgar uma cédula de votação na qual sua foto e nome apareciam 13 vezes.
Em resposta, disse que o sistema era baseado no desempenho dos partidos nas eleições parlamentares.
Durante a campanha, Maduro deu declarações se comprometendo publicamente a respeitar os resultados do pleito em resposta à preocupação de parte da oposição e de observadores internacionais quanto à integridade do processo eleitoral. No entanto, afirmou que González planejava um golpe De Estado. Além disso, fez discursos, na reta final da campanha, que sugeriram que não aceitaria caso o candidato da oposição vencesse as eleições. Em 18 de junho, por exemplo, disse que o país poderia acabar em “banho de sangue” e “guerra civil” com a sua derrota.
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