Os Correios vão concluir, na 1ª semana de abril, uma licitação de R$ 380 milhões para gastar por ano com publicidade. A estatal divulgou em 13 de março os nomes das 4 agências finalistas.
Três delas têm ligação com algum escândalo do passado envolvendo o PT. A licitação milionária é realizada em um momento ruim para os Correios financeiramente. A empresa fechou 2024 com um rombo de R$ 3,2 bilhões –o 2º ano do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi o pior da história para as estatais. Só em janeiro de 2025,o rombo estimado da estatal federal foi de R$ 424 milhões.
Eis os nomes das 4 agências de publicidade finalistas pela ordem de colocação na licitação dos Correios:
Cálix Comunicação e Publicidade Ltda;
Filadélfia S.A;
Puxe Comunicação Ltda;
Jotacom Comunicação e Publicidade Ltda.
Das 4 citadas acima, Cálix, Filadélfia Comunicação e Puxe tiveram, em algum momento do passado, alguém ligado ou citado em um escândalo envolvendo o PT –partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O processo está na etapa de análise de recursos das agências desclassificadas. Caso algum seja aceito, o certame pode se alongar para além da 1ª semana de abril.
CÁLIX COMUNICAÇÃO
Em 1º lugar dentre as finalistas, a Cálix é uma agência de Brasília fundada em 2003. O dono é o ex-policial Marcello Oliveira Lopes, conhecido como Marcellão. Ele foi assessor do ex-governador de Brasília Agnelo Queiroz (PT) durante a gestão petista na capital federal (2011-2015).
Lopes foi demitido após ser citado pela Polícia Federal, em 2012, por suspeita de fazer parte de uma interceptação ilegal de e-mails de adversários políticos. A agência já existia na época e funcionava em paralelo à sua atuação como policial civil.
À época, ele foi apontado como colaborador de Idalberto Matias, conhecido como “Dadá”, que era associado ao grupo do bicheiro Carlinhos Cachoeira.
A Cálix, hoje, tem o contrato de publicidade com:
Ministério de Desenvolvimento Regional – R$ 55 milhões;
Banco de Brasília – R$ 46 milhões;
Ministério dos Transportes – R$ 15 milhões.
Procurado, Lopes disse que o relatório da corporação era “falho” e que sequer foi processado.
“Houve, de fato, um grande equívoco envolvendo meu nome a partir de um relatório de inteligência falho, cujo vazamento gerou interpretações totalmente equivocadas. Reafirmo que não há qualquer processo ou acusação formal contra mim”, disse Lopes.
FILADÉLFIA COMUNICAÇÃO
A Filadélfia Comunicação, que está em 2º lugar no certame, pertence a Érica Fantini Santos, enteada do advogado José Roberto Moreira de Melo, ex-sócio do publicitário Marcos Valério em uma assessoria empresarial.
Marcos Valério foi um dos principais operadores do Mensalão, que veio à tona no 1º mandato de Lula. Pessoas ligadas a políticos aliados do governo faziam indicações na estatal e pressionavam empresas terceirizadas a pagarem propina em troca de contratos.
A Filadélfia assinou, em novembro de 2024, um contrato de R$ 13,97 milhões para prestar serviços de comunicação digital ao Ministério das Comunicações durante 1 ano.
A agência disse não ter ligação com Moreira de Melo. “A agência Filadélfia esclarece que José Roberto Moreira de Melo não possui qualquer vínculo societário com a empresa. Ele não faz parte da sociedade, não integra a gestão e não tem qualquer participação nas decisões estratégicas, operacionais ou comerciais da agência”, declarou a empresa.
Moreira de Melo foi condenado pela Justiça Federal no Rio de Janeiro por corrupção ativa e lavagem de dinheiro em um desdobramento do Mensalão. Ele recorre da decisão.
PUXE COMUNICAÇÃO
Já a Puxe Comunicação pertence a Francisco Diniz Borges Simas, filho de Cláudio Diniz Simas, condenado em 1999 por improbidade administrativa junto ao petista David Capistrano (1948-2000), ex-prefeito de Santos (SP).
Cláudio Simas, à época, era dono da agência Sempre Propaganda. Francisco Simas disse a este jornal digital que seu pai não é sócio na empresa, mas que o ajuda: “Ele me auxilia com a sua experiência, mas não é meu sócio. Essas questões ocorreram há mais de 30 anos e foram resolvidas”.
Os Correios disse que o certame segue as normas legais.
Nenhuma das 4 agências finalistas está entre as maiores do país, segundo ranking do Meio & Mensagem. Foram 37 participantes. Das 33 desclassificadas, 4 estão entre as maiores do país:
Propeg Comunicação Ltda;
Artplan Comunicação S.A;
Ogilvy & Mather Brasil Comunicação Ltda;
DPZ Comunicação Ltda.
PUBLICIDADE E PATROCÍNIO
Desde 2022, os Correios não têm um contrato ativo de publicidade. O ex-presidente Jair Bolsonaro(PL) decidiu não renovar os acordos anteriores por entender que não havia sentido em dar publicidade a uma das empresas mais presentes no país.
Quando se trata de patrocínio, a história é outra: os Correios passaram a gastar com esse tipo de despesa assim que Lula assumiu o Planalto:
Os Correios enfrentam uma crise financeira desde que o atual presidente, o advogado Fabiano Silva dos Santos, 47 anos, assumiu o comando da estatal.
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