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Quarta-feira, 23 de Abril de 2025

Notícias/Polícia

Rede de fintech de policial usada pelo PCC lavou R$ 6 bi em 16 países

Duas instituições financeiras foram alvo de operação conjunta entre o MPSP e a Polícia Federal; policial foi preso a pedido da Justiça

Rede de fintech de policial usada pelo PCC lavou R$ 6 bi em 16 países
Fotos divulgação
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A rede da fintech gerida pelo policial civil Cyllas Salerno Elia Júnior, preso suspeito de lavar dinheiro para o Primeiro Comando da Capital (PCC), teria movimentado bilhões de reais em ao menos 16 países, incluindo o Brasil.

A lista, mencionada em denúncia do Ministério Público de São Paulo (MPSP), obtida pela reportagem, é composta por países europeus, da América Latina, além dos Estados Unidos e China, cujas movimentações são destacadas pela Promotoria — justamente pelo fato de, no país asiático, o monitoramento feito pelas autoridades ser interrompido.

O promotor Lincoln Gakiya afirmou que, para o MPSP, “não foi uma surpresa” . “Eles [criminosos] têm, na verdade, tentado dificultar a rastreabilidade de recursos com operações [financeiras] casadas, envolvendo não só outras contas, como outras instituições financeiras. Na China, isso perde toda a rastreabilidade.

Até o momento investigação da Polícia Federal (PF) e do MPSP identificou que, nos últimos cinco anos, a fintech do policial movimentou R$ 6 bilhões.

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Gakiya atribui a criação de fintechs por parte do crime organizado a uma deficiência de fiscalização dos órgãos fiscalizadores.

“O que nós estamos vendo hoje é um outro patamar, que atingiu o crime organizado, que se sofisticou nessa engenharia financeira de lavagem [de dinheiro], que começou lá atrás, utilizando doleiros no começo, até enterrando dinheiro nas casas cofre, e hoje utilizando brechas legais e muito bem assessorados. Esses criminosos estão, definitivamente, operando no mercado

Braço corrupto do estado

A ascensão do PCC ao status de máfia, como a define o próprio promotor de Justiça, se deve ao auxílio do “braço corrupto do estado” nas ações da facção criminosa. Gakiya afirmou “causar desconforto” ao Ministério Público constatar a infiltração do crime organizado nas estruturas governamentais, entre elas, as policiais.

“A presença, infelizmente, desse braço corrupto do estado é o meio necessário para que a organização criminosa [PCC] consiga atingir os seus objetivos, não é? E um deles é a manutenção da defesa do território que eles já ocuparam, é a manutenção dos seus negócios, na lavagem de dinheiro. Então, sem esse braço [do estado], sem essa infiltração nas estruturas do estado, certamente o PCC não teria atingido esse nível que atingiu hoje”.

Policiais civis e militares estão presos, sob a suspeita de envolvimento com as práticas criminosas da facção — incluindo a lavagem de dinheiro — além de participação direta e indireta no assassinato de Vinícius Gritzbach, executado no Aeroporto Internacional de São Paulo, na região metropolitana, oito dias após delatar o envolvimento de agentes do estado com o PCC.

Fintechs

As fintechs, como são chamadas as empresas que oferecem serviços financeiros por meio de plataformas on-line, viraram o novo esconderijo do dinheiro de facções que lucram com o tráfico de drogas, como o PCC, de empresários que fogem de dívidas e impostos e até mesmo de casas de apostas envolvidas em esquemas de lavagem.

Ao lado de Gakiya, o promotor Fábio Bechara, que também atua no Gaeco, afirmou nesta terça-feira (25/2) que “os novos meios de pagamentos substituíram o papel de doleiros”, que ganharam fama nos últimos anos ao serem presos por lavar e esconder dinheiro dos grandes escândalos de corrupção no Brasil.

Operação Hydra

O policial civil Cyllas Salerno Elia Júnior foi preso, na terça, na Operação Hydra, deflagrada pelo Ministério Público e a Polícia Federal para combater a lavagem de dinheiro ligada à facção criminosa.

A investigação, que mira na atuação das fintechs 2GO Bank e Invbank, foi iniciada a partir da delação de Vinicius Gritzbach.

Cyllas Elia é fundador e CEO da fintech 2GO Bank. Ele já havia sido preso em 26 de novembro do ano passado, durante a Operação Tai-Pan, da PF, contra crimes financeiros que movimentaram R$ 6 bilhões nos últimos cinco anos.

O policial foi solto em janeiro, após decisão da Justiça Federal, mas estava afastado das funções e responde a um procedimento na Corregedoria da Polícia Civil.

Cyllas, que atuou no Deic, foi citado por Gritzbach em depoimento à Corregedoria da Polícia Civil

De acordo com o MPSP, Gritzbach “jogou luz na atuação de fintechs para o branqueamento de bens e valores oriundos de atividades criminosas”. Essa é uma das frentes das investigações realizadas pela PF, cujo objetivo é desarticular esquema de lavagem de dinheiro por meio das instituições de pagamento.

Em resumo, duas empresas ofereciam serviços financeiros de forma alternativa às instituições bancárias tradicionais, movimentando valores ilícitos. Elas constituíram engenharia financeira complexa para velar os reais beneficiários.

A PF e o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do MPSP, cumpriram um mandado de prisão preventiva e dez mandados de busca e apreensão em endereços nas cidades de São Paulo, Santo André e São Bernardo.

 

FONTE/CRÉDITOS: M
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