A Polícia Federal deflagrou ontem (8) uma operação contra o desvio de emendas parlamentares para bancar a campanha eleitoral de candidatos a prefeituras do interior do Ceará no ano de 2024.
O grupo, diz a autoridade, é suspeito de desviar recursos públicos por meio de fraudes em processos licitatórios e contratuais.
De acordo com as primeiras informações, o alvo é o deputado Júnior Mano (PSB-CE), que teve o gabinete na Câmara e o apartamento funcional inspecionados pela Polícia Federal. Os 15 mandados de busca e apreensão foram autorizados pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e cumpridos nas cidades cearenses de Fortaleza, Nova Russas, Eusébio, Canindé e Baixio, além de Brasília (DF).
“O núcleo investigado é suspeito de articular o direcionamento de verbas públicas a determinados municípios cearenses mediante contrapartidas financeiras ilícitas, além de influenciar procedimentos licitatórios por meio de empresas vinculadas ao grupo”, disse a PF em nota.
Mano tem como base eleitoral a cidade de Nova Russas, onde a Polícia Federal cumpre mandados, e foi reeleito ao cargo de deputado federal em 2022 com 216 mil votos, quando ainda era filiado ao PL, partido da oposição ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ele migrou para o PSB, do vice-presidente Geraldo Alckmin, em 2024.
Manipulação eleitoral
O deputado federal Júnior Mano foi investigado pela Polícia Federal, no ano passado, por suspeita de manipulação eleitoral em 51 cidades do Ceará, também com o desvio de emendas parlamentares para “alimentar o esquema e consolidar sua base de apoio público”, disse o juiz Flávio Vinícius Bastos em documentos obtidos pelo UOL.
Mano foi alvo das operações “Mercato Clausu” e “Vis Occulta” por ligação com um prefeito que seria o líder de uma organização criminosa de compra de votos e lavagem de dinheiro através de contratos de prefeituras com empresas de fachada.
A investigação aponta que 45% das emendas individuais do deputado entre os anos de 2021 e 2024 foram enviadas através das “transferências espeicais”, também chamadas de “emendas PIX” – em torno de R$ 47 milhões.
Júnior Mano negou o envolvimento no esquema e afirmou que “é vítima do uso indevido do seu nome e confia plenamente nos poderes constituídos para o reconhecimento de sua total inocência”.
Após a conclusão do inquérito pela Polícia Federal do Ceará, o caso subiu para o Supremo Tribunal Federal (STF), sob relatoria do ministro Gilmar Mendes, que autorizou o desdobramento.

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